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Finalmente o beijo entre Félix (Matheus Solano) e Niko (Thiago Fragoso) saiu na novela de Walcyr Carrasco, Amor a Vida, no horário nobre da Rede Globo de Televisão.


Agora o que me intriga com essa situação toda não é o fato de ter acontecido esse beijo gay em canal aberto brasileiro e sim por qual motivo essa cena agrupou tantos expectadores ansiosos para que o mesmo acontecesse.
Vemos, a cada instante, cenas de nudez explícita, de beijo hétero, de sexo, que um beijo entre homens ou mulheres deveria não ser um tabu ou um “fato histórico” como este foi.


Deveria ser comum uma cena como vimos na novela Amor a Vida, entre Félix e Niko. Não é, porque ainda estamos vivendo numa sociedade heteronormativa, machista e preconceituosa. Se este tipo de relacionamento entre dois homens e/ou duas mulheres, fossem mostrados com mais frequência nas novelas, nos filmes, nos programas de TV, nos telejornais, etc. certamente o beijo entre Félix e o Carneirinho não teria sido a “cena mais esperada de todos os tempos”.


Não dá para dizer que tudo já foi resolvido com a linda cena entre os dois pombinhos que conquistaram a atenção do público e que, de fato, quebrou muitos(as) preconceituosos(as) no meio. Não dá para dizer que esta cena específica, por si só, responde àquilo que nós, militantes, esperamos de uma sociedade mais justa. Mas também não dá para negar que esse beijo foi mais um passo para a conquista de direitos da comunidade gay.


A novela Amor a Vida, assim como outras milhões de mídias, passam o enredo todo mostrando cenas picantes entre um homem e uma mulher, inclusive em horários em que nossas crianças estão ligadas na programação. Sem nenhuma censura, sem nenhum tabu. Passam também “a vida toda” mostrando cenas de violência e isso não é motivo para algum tipo de restrição e/ou cuidado, enquanto a demonstração de carinho entre duas pessoas do mesmo sexo é tratada com muita delicadeza.


O lindo beijo de Félix e Niko, mesmo sendo um passo na quebra de tabus, ainda não responde ao grande diálogo sobre igualdade e diversidade em nossa mídia brasileira. Enquanto pudermos assistir cenas eróticas entre um casal heterossexual e nos contentar com a ideia de que entre dois rapazes não existe sexo, ainda estamos aquém da aceitação social, do respeito à diversidade e da compreensão do que pode significar liberdade.


Em 2011, na novela Amor e Revolução, exibida no horário nobre do SBT, foi protagonizado um beijo lésbico entre Marcela (Luciana Vendramini) e Marina (Giselle Tigre), de lá para cá, já deveríamos ter avançado no que diz respeito aos relacionamentos entre casais do mesmo sexo na TV brasileira. Não cabe mais uma sociedade que trate relacionamentos heterossexuais como normais e homossexuais como tabus.


Marcela e Marina assim como Félix e Niko são personagens fictícios, mas que representam uma grande parte da população brasileira, mas que ainda para ser bem representados(as) precisa ter seus relacionamentos tratados da mesma forma que são os relacionamentos entre as Palomas e os Brunos, os Michels e Patrícias, os Gutos e Silvias, entre tantos outros.


Ontem foi o beijo da Marcela e da Marina, hoje foi o de Félix e o do Niko, amanhã esperamos ver cenas mais verdadeiras de amor entre dois homens e/ou duas mulheres, insinuando, inclusive, o que eles(as) fazem entre quatro paredes. 

 

 

 

Surubim, 30 de janeiro de 2014

 

 

 

José Aniervson Souza dos Santos

Especialista em Juventude - FAJE

Como um beijo pode movimentar tanto as Redes Sociais?

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