top of page

NASCI NO SÉCULO PASSADO

Eu nasci no século errado, só pode ser!

 

Vejo minha vida desconectada de “todas” as formas de agregação social que conheço. As pessoas não se dão conta que estão, compulsoriamente, reproduzindo um discurso e uma atitude de (falsos) moralismos e religiosidades, sem limite. Ora, se nossa cultura tem base, entre tantos e diversos elementos e principalmente no que concerne a doutrina cristã católica, está na cara que somos resultado dessa imposição.

A sociedade a todo custo impõe que nós, seres humanos diversos e plurais, nos encaixemos em diferentes padrões: de beleza, de relacionamentos, de educação, de cultura, de religião, etc. São caixas. Essas caixas servem para nos moldar. O molde quem dita é o capitalismo, é a heteronormatividade, é o discurso hegemônico, é p%*¨$”# que pariu...

 

Chega. Cansei!

 

Não dá para compreender como em pleno Século XXI, depois de tanta evolução científica e tecnológica, ainda somos encaixados nesses padrões que apenas descaracterizam o sujeito e o aprisiona.

 

E se não precisássemos definir os papeis sexuais de homem e mulher?

 

E se esses termos nem ao menos existissem?

 

Tá, e se existissem, mas não fossem alvos de retaliações ou padronizações?

 

E se não existisse certo e errado, princípio e fim, branco e preto, céu e inferno, deus e diabo... e todo esse binarismo que mais separa do que une?

 

E se não existisse motivos para violência? E se a violência não fosse motivo?

 

E se fôssemos todos pessoas/seres humanos ao invés de negr@s, branc@s, homens, mulheres, heterossexuais, gays, deficientes, lésbicas, cristãos(ãs), não-cristãos(ãs), etc.?

 

E se o povo não se preocupasse com a vida d@ outr@ e deixasse cada um(a) viver sua vida como bem entende (desde que não ultrapassasse o limite da convivência alheia)?

 

E se não fosse necessário criar leis, códigos de conduta, tratados, etc., pois as pessoas se respeitariam e se amariam pelo simples fato de serem humanas?

 

E se o que você faz com o seu próprio corpo não dissesse respeito a terceiros?

 

E se não fôssemos obrigad@s a amar apenas uma pessoa de cada vez?

 

E se o amor (amor sem medida) fosse a única lei?

 

Pergunto-me como seria se eu tivesse nascido no século que era pra ter nascido: no próximo. Como seria?

 

Será que eu poderia amar sem medida ou teria medida para o amor? Sim, porque o que me incomoda mais é ter que restringir minha capacidade de acolher o próximo; de amar sem limites; de me doar sem barreiras, de viver fora das caixas/padrões; de acreditar em diversas forças e inclusive em nenhuma; de não ter que adaptar meu corpo e meus cabelos; de não ter a necessidade de mudar para ser aceito...

 

O que me incomoda são as regras sociais dominantes.

 

Então, só posso imaginar que nasci no século passado. Que o meu século de nascença será o próximo e que, hopefully, essa galera já tenha evoluído mais...

Recife, 12 de abril de 2014.



 


José Aniervson Souza dos Santos
Especialista em Juventude – FAJE
Mestrando em Educação, Culturas e

Identidades - UFRPE

Blog do Aniervson

  • Wix Facebook page
  • Wix Twitter page
  • Wix Google+ page
bottom of page